segunda-feira, 30 de abril de 2007

O Sistema FALIBRAS

O Sistema FALIBRAS está sendo desenvolvido com a finalidade de auxiliar na comunicação ouvintes X surdos, facilitando o convívio e integração entre ambos, garantindo seu aprendizado e participação.
Consiste na implementação de um sistema que , ao captar a fala no microfone, exibe no monitor de um computador a interpretação do que foi dito, em LIBRAS, na sua forma gestual, animada.
Além da tradução de palavras e pequenas expressões, do português para animações, em LIBRAS, o projeto Falibras, amplia seu potencial tradutor ao reconhecer pequenas frases e
orações simples (com um único verbo ou locução verbal),utilizando um analisador morfológico-sintático, garantindo a característica de tempo real, exatidão na interpretação e eficiência no procedimento.
Webliografia:
www.niee.ufrgs.br/ciee2000/Demonstra%E7%F5es.pdf
www.acessobrasil.org.br/libras

quarta-feira, 25 de abril de 2007

A Língua LIBRAS

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua materna dos surdos brasileiros.
É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística.
É uma língua de modalidade gestual-visual, porque utiliza como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão.

Informações Técnicas

1 LIBRAS
A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) tem sua origem na Língua de Sinais Francesa. As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional.Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua.

2 Sinais
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais:
2.1 Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos.Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo.
2.2 Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro.
2.3 Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento.
2.4 Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais / corporais são de fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial.
2.5 Orientação/Direção: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade.

3 Convenções da LIBRAS

3.1 A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão representados na Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR.
3.2 A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E.
3.3 Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO.
3.4 As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?)
3.5 Os pronomes pessoais: serão representados pelo sistema de apontação. Apontar em LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito.

Para conversar em LIBRAS não basta apenas conhecer os sinais de forma solta, é necessário conhecer a sua estrutura gramatical, combinando-os em frases.

Para conhecer o dicionário de LIBRAS, acesse: www.acessobrasil.org.br/libras/

Webliografia:
www.acessobrasil.org.br/libras/
www.libras.org.br
www.niee.ufrgs.br/ciee2000/Demonstra%E7%F5es.pdf

INCLUSÃO DIGITAL - O AVANÇO TECNOLÓGICO FACILITANDO A CONQUISTA DO DIREITO À EDUCAÇÃO

É extremamente importante para o desenvolvimento humano o processo de apropriação das experiências presentes em nossa cultura.
O acesso a recursos oferecidos pela sociedade, cultura, escola, tecnologias, influenciam nos processos de aprendizagem da pessoa.
As TICS vem se tornando, de forma crescente, importantes instrumentos de nossa cultura e, sua utilização, um meio concreto de inclusão e interação com o mundo ( LEVY, 1999)
Esta constatação é ainda mais significativa quando nos referimos a pessoas com necessidades especiais. Nestes casos, as TICS podem ser utilizadas como TECNOLOGIA ASSISTIVA.
Conceituando, Tecnologia Assistiva é toda e qualquer ferramenta ou recurso utilizada com a finalidade de proporcionar maior independência e autonomia à pessoa portadora de deficiência.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE A DEFICIÊNCIA AUDITIVA

1. DEFINIÇÃO
Deficiência auditiva é considerada genericamente como a diferença existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI - 1989).Zero audiométrico (0 dB N.A) refere-se aos valores de níveis de audição que correspondem à média de detecção de sons em várias freqüências, por exemplo: 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz, etc.Considera-se, em geral, que a audição normal corresponde à habilidade para detecção de sons até 20 dB N.A (decibéis, nível de audição).
2. SIGNIFICADO DE TERMOS
Hipoacusia - refere-se a uma redução na sensitividade da audição, sem qualquer alteração da qualidade de audição. O aumento da intensidade da fonte sonora, possibilita uma audição bastante adequada.
Disacusia - refere-se a um distúrbio na audição, expresso em qualidade e não em intensidade sonora. O aumento da intensidade da fonte sonora não garante o perfeito entendimento do significado das palavras 3.

TIPOS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA

DEFICIÊNCIA AUDITIVA CONDUTIVA: Qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA SENSÓRIO-NEURAL: Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA MISTA: Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA CENTRAL, DISFUNÇÃO AUDITIVA CENTRAL OU SURDEZ CENTRAL: Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).
4. GRAUS DE SEVERIDADE DA DEFICIÊNCIA AUDITIVAOs níveis de limiares utilizados para caracterizar os graus de severidade da deficiência auditiva podem ter algumas variações entre os diferentes autores. Segundo critério de Davis e Silverman, 1966:
Audição Normal - Limiares entre 0 a 24 dB nível de audição.
Deficiência Auditiva Leve - Limiares entre 25 a 40 dB nível de audição.
Deficiência Auditiva Moderna - Limiares entre 41 e 70 dB nível de audição.
Deficiência Auditiva Severa - Limiares entre 71 e 90 dB nível de audição.
Deficiência Auditiva Profunda - Limiares acima de 90 dB. Indivíduos com níveis de perda auditiva leve, moderada e severa são mais freqüentemente chamados de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis de perda auditiva profunda são chamados surdos.
5. CAUSAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA CONDUTIVA
Cerume ou corpos estranhos do conduto auditivo externo.
Otite externa: infecção bacteriana da pele do conduto auditivo externo.
Otite média: processo infeccioso e/ou inflamatório da orelha média, que divide-se em: otite média secretora; otite média aguda; otite média crônica supurada e otite média crônica colesteatomatosa.
Estenose ou atresia do conduto auditivo externo (redução de calibre ou ausência do conduto auditivo externo). Atresia é geralmente uma malformação congênita e a estenose pode ser congênita ou ocorrer por trauma, agressão cirúrgica ou infecções graves.
Miringite Bolhosa (termo miringite refere-se a inflamação da membrana timpânica). Acúmulo de fluido entre as camadas da membrana timpânica, em geral associado a infecções das vias respiratórias superiores.
Perfurações da membrana timpânica: podem ocorrer por traumas externos, variações bruscas da pressão atmosférica ou otite média crônica supurada. A perda auditiva decorre de alterações da vibração da membrana timpânica. É variável de acordo com a extensão e localização da perfuração.
Obstrução da tuba auditiva
Fissuras Palatinas
Otosclerose
6. CAUSAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA SENSÓRIO-NEURAL
Causas pré-natais:
de origem hereditárias (surdez herdada monogênica, que pode ser uma surdez isolada da orelha interna por mecanismo recessivo ou dominante ou uma síndrome com surdez); e uma surdez associada a aberrações cromossômicas.
de origem não hereditárias (causas exógenas), que podem ser: Infecções maternas por rubéola, citomegalovírus, sífilis, herpes, toxoplasmose.Drogas ototóxicas e outras, alcoolismo maternoIrradiações, por exemplo Raios X,Toxemia, diabetes e outras doenças maternais graves
Causas perinatais
Prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento
Trauma de Parto - Fator traumático / Fator anóxico
Doença hemolítica do recém-nascido ( ictericia grave do recém-nascido)
Causas pós-natais
Infecções - meningite, encefalite, parotidite epidêmica (caxumba), sarampo
Drogas ototóxicas
Perda auditiva induzida por ruído (PAIR)
Traumas físicos que afetam o osso temporal
7. DADOS ESTATÍSTICOS
Estima-se que 42 milhões de pessoas acima de 3 anos de idade são portadoras de algum tipo de deficiência auditiva, de moderada a profunda (OMS). Há expectativa que o número de perdas auditivas na população mundial chegue a 57 milhões no ano 2000.
Aproximadamente 0,1% das crianças nascem com deficiência auditiva severa e profunda (Northern e Downs, 1991). Este tipo de deficiência auditiva é suficientemente severa para impedir a aquisição normal da linguagem através do sentido da audição
Mais de 4% das crianças consideradas de alto risco são diagnosticadas como portadoras de deficiência auditiva de graus moderado a profundo (ASHA)1
Aproximadamente 90% das crianças portadoras de deficiência auditiva de graus severo e profundo são filhos de pais ouvintes (Northern e Downs, 1991)2
Nos Estados Unidos pesquisas indicam que a prevalência de deficiências auditivas sensorioneurais é de 5,95 para cada 1000 nascidos vivos e nas deficiências auditivas por alterações do ouvido médio é de 20 para cada 1000 nascidos vivos
Segundo a O.M.S. (1994)3 estima-se que 1,5% da população brasileira, ou seja, cerca de 2.250.000 habitantes são portadores de deficiência auditiva, estando esta em terceiro lugar entre todas as deficiências do país
Aproximadamente 1.053.000 de crianças abaixo de 18 anos têm algum grau de deficiência auditiva, com índice de prevalência de 16,1 por 1000 (Bess e Humes 1995)48. FATORES DE RISCOBaseados nos critérios do "Joint Committee on Infant Hearing" (1994) e na experiência clínica e científica de profissionais participantes do Fórum de Debates: Criança e Audição, realizado durante o X Encontro Internacional de Audiologia, Bauru, Estado de São Paulo, 8 a 11 de Abril de 1995, alguns fatores que podem causar deficiência auditiva são:
Antecedentes familiares de deficiência auditiva, levantando-se se há consangüinidade entre os pais e/ou hereditariedade.
Infecções congênitas suspeitadas ou confirmadas através de exame sorológico e/ou clínico (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e sífilis)
Peso no nascimento inferior a 1500g e/ou crianças pequenas para a idade gestacional (PIG)
Asfixia severa no nascimento, com Apgar entre 0-4 no primeiro minuto e 0-6 no quinto minuto.
Hiperbilirrubinemia com índices que indiquem exanguíneo transfusão.
Ventilação mecânica por mais de dez dias
Alterações crânio-faciais, incluindo as síndromes que tenham como uma de suas características a deficiência auditiva.
Meningite, principalmente a bacteriana.
Uso de drogas ototóxicas por mais de cinco dias.
Permanência em incubadora por mais de sete dias.
Alcoolismo ou uso de drogas pelos pais, antes e durante a gestação. 9. IDENTIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICOO diagnóstico das deficiências de audição é realizado a partir da avaliação médica e audiológica. Em geral a primeira suspeita quanto à existência de uma alteração auditiva em crianças muito pequenas é feita pela própria família a partir da observação da ausência de reações a sons, comportamento diferente do usual (a criança que é muito quieta, dorme muito e em qualquer ambiente, não se assusta com sons intensos) e, um pouco mais velha, não desenvolve linguagem. A busca pelo diagnóstico também poderá ser originada a partir dos programas de prevenção das deficiências auditivas na infância como o registro de fatores de risco e triagens auditivas.O profissional de saúde procurado em primeiro lugar é geralmente o pediatra, o qual encaminhará a criança ao otorrinolaringologista, quando se iniciará o diagnóstico. Este profissional fará um histórico do caso, observará o comportamento auditivo e procederá o exame físico das estruturas do ouvido, nariz e das diferentes partes da faringe. O passo seguinte é o encaminhamento para a avaliação audiológica.No caso de adultos, em geral a queixa de alteração auditiva é do próprio indivíduo, e, no caso de trabalhadores expostos a situações de risco para audição o encaminhamento poderá advir de programas de conservação de audição.

www.entreamigos.com.br

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Refletindo ...


"Nada pior do que o silêncio. Enquanto só o silêncio me responde, minha ficção continua a ser ficção. É melhor para um cientista ter interessado e ter sido "refutado" (...) Ao menos a ficção foi considerada como um possível válido e sua refutação faz parte da história das ciências." Isabelle Stengers

Resenha do Texto “Ouvinte – O Oposto do Ser Surdo”, de Gladis Perlin e Ronice Muller de Quadros”

O texto busca identificar a diferença de ser surdo ou ouvinte a partir da discussão dos surdos.
Posicionando-se como surdo e olhando o ouvinte, este passa a ser o outro com sua diferença, alteridade e identidade.
É natural aos ouvintes presenciar situações tocantes devido a rupturas da diferença do ser surdo e do ser ouvinte. Estas rupturas colocam o ouvinte na condição de “outro” na representação cultural e no projeto do “outro normal”, modificando a visão anterior e “anormalidade do surdo” para a de “diferente”. Neste sentido, o ouvinte vai modificando sua experiência e abandona sua superior “normalidade” para iniciar a experiência de “outridade”.
Skliar ( 2002) discute a questão dea experiência do ouvinte que nasce entre ouvintes adquirindo experiência ouvinte e do surdo que nasce entre ouvintes e coloca-se diante da mudança de si.enfatizando que ser ouvinte é oposto de ser surdo.
Segundo as autoras, admitir a diferença no surdo é aceitar a diferença como ouvintes e a própria experiência como diferentes. Integra questão pessoal, de individualidade de ser.
A experiência vivida, pensada pelo próprio ouvinte, é diferente da vivida e pensada pelo surdo. A experiência dos ouvintes é mais centrada na troca com o outro ouvinte, neste ato de ser com a responsabilidade ético/cultural como ouvinte.
O problema do ouvicentrismo, atenta para todas as experiências vividas e pensadas com os ouvintes, mesmo quando os surdos foram excluídos das tomadas de decisões. Neste caso, as autoras referem-se aos “ouvintes exterminadores”, ou seja, aqueles que tentam acabar com a língua de sinais e cm todos os tipos de manifestações culturais advindas dos grupos de surdos.
Nas linguagem das relações atuais entre os surdos e ouvintes em alguns grupos, onde há o conhecimento, também há o respeito à diferença, estabelecendo-se um debate claro sobre a diferença do surdo, acompanhado pela aprovação de políticas e alternativas que emanam da diferença surda.
A lógica dos ouvintes passa a ser a do reconhecimento que há a civilização da fala, da escrita, da leitura e também a civilização dos surdos, da sinalização, da expressão corporal, do olhar.
A experiência da diferença relativiza as oposições. O ouvinte vê o surdo como aquele que tem uma cultura diferente. As leis, as identidades, as representações, as determinações não são mais baseadas na fala, na audição e os mecanismos disciplinares do ser ouvinte já não contribuem para criar um perfil com conotações de normalidade única.
Num mundo constituído pela normalidade, não é possível admitir o anormal sem uma profunda crise devido aos conhecimentos ideológicos gerados por essa normalidade.
A afirmação das diferenças como outro ouvinte está continuamente especificada através das narrativas dos surdos e é colocada como uma marca de diferenciação ainda mais marcada no dia a dia. Diferenciar implica em colocar o outro numa forma vazia de si, excluir-se.
O outro ouvinte na posição da alteridade surda, também evidencia diferença de ser, pois experencia a fala, a escrita, a leitura a lógica de ser ouvinte e a alteridade que este ouvinte não tem: ele é “privado” da tentativa de sinais expressivos e experiências visuais para tudo.
Nas narrativas surdas, vários tipos de ouvintes buscam exercer sua influência.
Há aqueles que querem transmitir de si, buscando convence-los que suas experiências ouvintes são fundamentais para os surdos. Estes nem conhecem a língua de sinais.
Há outros ouvintes outros ouvintes que usam a língua de sinais para convencer o surdo de sua inferioridade diante do modelo ouvinte. Há ainda outros que não entendem nada de surdos e língua de sinais. São indiferentes ao outro surdo.
Há o ouvinte que a partir de conceitos feitos pelos surdos, introduzem algumas mudanças, mas continuam com a idéia de normalidade-anormalidade. Envolvem-se com o outro surdo por ter ganhos profissionais com isto, mas não por conhece-los. Estes ouvintes, na visão dos surdos, são mais complicados de discutir e refletir sobre o ser surdo, pois sua visão de surdo está ligada à incapacidade, incompetência dentro de uma concepção determinista de ser com base na normalidade ouvinte.
Também há os ouvintes que, simpatizando com o surdo, tentam aprender um pouco da língua de sinais para se comunicarem, são os “ouvintes especiais”.
Há os que , simpatizando com os surdos, se impõem, pois se acham melhores do que eles. Há também os “caridosos”, os que abrem espaço, mas não ajudam os surdos a pensar, continuam sendo o centro, os fazedores de tudo.
Há ainda aqueles outros ouvintes que admitem a alteridade, a diferença de “ ser surdo” e junto a eles, os surdos estão alcançando maior tolerância e espaço para continuar sua distinção social como surdos. Narram e defendem a alteridade surda, entram na causa social surda, lutando por seu desenvolvimento cultural. São os ouvintes filhos de pais surdos, irmãos , pais ... pessoas que compartilham da experiência visual dos surdos.
Segundo as autoras, a vibração cultural do retorno ocorre quando se olha o outro ouvinte, nos encontramos assim diante da minoria de “outros ouvintes” aceitarem as narrativas, a situação e as características da causa social surda. É certo que os surdos vivem um intercâmbio de conhecimentos com os ouvintes, mas são criticados por estes ao assumirem uma postura surda.
É preciso inverter/verter momento sócio-escolares, possibilitando ao surdo entrar em contato com sua produção cultural e a principal forma de discussão social de sua diferença do seu ser o outro é o conhecimento.
O retorno do outro ouvinte precisa ser anunciado pelos surdos. Os surdos precisam expressar suas formas de ser: cultura, língua e conhecimento. Precisam ocupar seus espaços, conhecer sua diferença.



Webliografia:

http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/docs/midiateca_artigos/cultura_identidades_surdas/ouvinte_oposto_ser_surdo.pdf

A Língua de Sinais constituindo o Surdo como Sujeito

A discussão sobre a surdez, educação e língua de sinais vem sendo ampliada nos últimos anos por profissionais envolvidos com a educação de surdos, como também pela própria comunidade surda. Segundo Moura ( 2000 ) a educação e inserção social dos surdos constituem um sério problema, e muitos caminhos tem sido seguidos na busca de uma solução. A oficialização da língua Brasileira de Sinais ( LIBRAS ) em abril de 2002 ( Lei Nº 10.436 , de 24 de abril de 2002 ) começa a abrir novos caminhos, sem, no entanto deixar de gerar polêmicas por profissionais que trabalham com surdos e por surdos oralizados, que não se sentem parte integrante da comunidade surda.
Mesmo sendo a língua de sinais, a língua natural dos surdos, pois é adquirida de forma espontânea pela criança surda, ainda é considerada por alguns profissionais apenas como gestos simbólicos. Esta desvalorização se dá pelo pressuposto que a língua oral ainda é imperativa em nossa sociedade e qualquer outra forma de comunicação, como ocorre com a língua de sinais, é considerada inferior e incomparável às línguas orais.
Conseqüentemente, o surdo acaba não participando do processo de integração social, muitas vezes por não ser compreendido. A tecnologia trouxe inúmeros avanços no que se refere à detecção precoce de surdez, equipamentos, próteses, softwares ... Mas essa tecnologia não é acessível a todos os surdos devido a aspectos sócio-econômico-culturais; e ainda que fosse acessível, ela por si só não garantiria o desenvolvimento lingüístico identificatório e cultural do sujeito surdo.
É preciso aceitar as diferenças existentes entre os surdos com relação a modalidade de comunicação utilizada, seja oral ou a língua de sinais. Essa diferença quer dizer inferioridade? A criança ouvinte, desde seu nascimento é exposta à língua oral, dessa forma é oferecida a ela a oportunidade de adquirir uma língua natural, a qual irá permitir realizar trocas comunicativas, vivenciar situações do seu meio e assim possuir uma língua efetiva e construir sua linguagem. Para a criança surda deveria ser dada a mesma oportunidade, de adquirir uma língua própria para constituir sua linguagem.
A nossa sociedade não está preparada para receber o indivíduo surdo, não lhe oferecendo condições para se desenvolver e consolidar sua linguagem.
A partir da aquisição de uma língua a criança passa a construir sua subjetividade, pois ela terá recursos para sua inserção no processo dialógico de sua comunidade, trocando idéias, sentimentos, compreendendo o que se passa em seu meio e adquirindo novas concepções de mundo.
No caso de crianças surdas filhas de pais ouvintes, esse processo não irá acontecer naturalmente já que as modalidades lingüísticas utilizadas nas interações mãe-criança,. não são facilmente adquiridas por essas crianças. Seu processo de aquisição da língua não será natural como o das crianças ouvintes, havendo necessidade de coloca-las em contato com um adulto surdo fluente em LIBRAS, que será para essa criança o meio mais fácil de propiciar sua aquisição da língua e contribuirá para a formação de sua identidade surda.
Essa criança surda, no momento em que adquire sua língua natural, torna-se capaz de aprender uma segunda língua, tornando-se um ser bilingue.
A língua de sinais deve ser respeitada como língua, pois assume a mesma função da língua oral : a comunicação.
De acordo com Quadros (1997), tal língua surge pelos mesmos ideais, as necessidades naturais e específicas dos seres humanos de usarem um sistema lingüístico para expressarem idéias, sentimentos e ações.
A língua de sinais se apresenta tão complexa e expressiva quanto a língua oral. Esta língua, como todas as outras, estabelece características próprias, de acordo com a nacionalidade e até mesmo da regionalidade.
Como afirma Sacks ( 1998 ), as línguas de sinais apresentam sintaxe, gramática e semântica completas, mas possuem caráter diferente daquele das línguas escritas e faladas.
Por meio da língua passamos a compreender o mundo, constituindo nosso cognitivo e subjetivo, criando por meio de nossas experiências e concepções próprias, de tudo e todos que fazem parte do nosso meio. A criança surda necessita de uma língua que possibilite a ela a integração ao seu meio, no qual ela seja capaz de compreender o que está ao seu redor, significar suas experiências, em vez de uma língua que a torne um ser apto para reproduzir um número restrito de palavras e frases feitas, que para ela não tenham nenhum significado comunicativo, restringindo sua potencialidade para construir e utilizar a linguagem no processo dialógico.
A família, então, exerce papel determinante para o estabelecimento da língua de sinais, como língua funcionante no discurso da criança surda nos primeiros anos de vida.
O bilingüismo possibilita ao surdo adquirir/ aprender a língua que faz parte da comunidade surda. O trabalho bilíngüe educacional respeita as particularidades da criança surda, estabelecendo suas capacidades como meio para essa criança realizar seu aprendizado. Essa proposta também oferece o acesso à língua oral e aos conhecimentos sistematizados, priorizando que a educação deve ser construída a partir de uma primeira língua, a de sinais, para em seguida ocorrer a aquisição da segunda língua, o português (oral e/ou escrito).
O Projeto de Educação Bilíngüe para os surdos busca a aceitação da surdez sem almejar transformações culturais e identificação do sujeito surdo. O indivíduo ao adquirir uma língua natural é capaz de se desenvolver plenamente, vivenciando, aprendendo e se comunicando, além de se identificar com a cultura. A concepção bilíngüe luta para que o sujeito surdo tenha o direito de adquirir/aprender a LIBRAS e que esta o auxilie, não só na aquisição da sua segunda língua (majoritária), mas que permita sua real integração na sociedade, pois ao adquirir uma língua estruturada o surdo pode criar concepções e oportunidades, participando ativamente do convívio de seu meio
Reis ( 1997 ) afirma que a linguagem apresenta grande importância na formação da consciência, promovendo a ampliação da percepção de mundo, assegurando o processo de abstração e generalização, sendo, então o elo de transmissão de informação e cultura entre a criança e o mundo.
Quando o sujeito surdo é levado a conviver apenas com uma comunidade ouvinte, sem contato com outros surdos, sua surdez tende a ser ocultada e depreciada. O estigma de deficiente agrava-se a cada dificuldade que a pessoa irá encontrar para se igualar com o ouvinte. Portanto, para que o surdo possa reconhecer sua identidade surda é importante que ele estabeleça o contato com a comunidade surda, para que realize sua identificação com a cultura, os costumes, a língua e, principalmente, a diferença de sua condição. Por intermédio das relações sociais, o sujeito tem a possibilidade de acepção e representação de si próprio e do mundo, definindo suas características e seu comportamento, diante dessas vivências sociais.
Uma criança que não escuta possui as mesmas condições de aprendizagem que uma criança ouvinte, porém o acesso à linguagem se dará por meio do canal gesto-visual. Ao permitir que a criança surda tenha a oportunidade de se desenvolver de forma análoga à das crianças ouvintes, estar-se á respeitando sua língua, sua diferença. É preciso também promover a integração com sua cultura, para que se identifique e possa utilizar efetivamente a língua de sinais. A comunidade surda terá muita importância para o desenvolvimento da identidade, pois nessa comunidade a língua de sinais ocorre de forma espontânea e efetiva . Todo sujeito precisa interagir em seu meio, apropriar-se de sua cultura e de sua história, e formar sua identidade por intermédio do convívio com o outro.
A Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de fevereiro de 2002, institui as diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
O documento se refere ao sujeito surdo como “educando com necessidades educacionais especiais que apresenta dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis”. Para isto prevê avaliação com vistas a proporcionar atendimento escolar necessário ao processo ensino-aprendizagem, a ser realizado em escolas e salas regulares e em espaços de educação especial ( sala dês recursos), com professores-intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis ( como a língua de sinais), para atuarem junto a esses alunos e seus demais professores.
Este documento traz consigo o paradigma da inclusão social e do desenvolvimento de habilidades e competências, busca da identidade própria de cada educando, valorização das diferenças, desenvolvimento de sua participação social, política e econômica, situando o sujeito surdo como um grupo organizado lingüística e culturalmente , o que afasta de uma vez por todas o paradigma ultrapassado que situava o indivíduo surdo como deficiente.
O enfoque trazido pela Resolução Nº 2 valoriza a construção da identidade surda, que está em constante processo de mudança e transformação. Isto é muito importante para os alunos que fazem parte da comunidade surda, pois este grupo é detentor de uma cultura própria e luta pelo respeito e aceitação da sociedade em geral, valores contemplados no documento legal.


REFERÊNCIAS WEBLIOGRÁFICAS:
DIZEU, Liliane C. T. de B. e CAPORALI, Sueli A.. - A língua de sinais constituindo o surdo como sujeito. www.cedes.unicamp.br

PINTO, Patrícia L. F.. Identidade Cultural Surda na Diversidade Brasileira. www.ines.org.br

DIAS, Vera L. L.. Educação e Surdez: um paradigma pedagógico. www.ines.org.br

Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de fevereiro de 2001. www.mec.gov.br/seesp

Iágara Rosa

Representações Históricas da Surdez

Na antigïdade , o sacrifício dos surdos e a obsessão pela beleza e perfeição; a vinculação da deficiência a discursos caritativos; a consideração da linguagem de sinais como algo proibido, vulgar e a fala como pré-requisito fundamental para tornar o homem civilizado, são paradigmas que nos mostram o desconhecimento e o preconceito existentes na sociedade de cada época, em relação à pessoa surda.
A atuação de pessoas como o monge beneditino Ponce de Leon, o médico italiano Girolano Cardano, o abade L’Epée, o médico psiquiatra Jean Itard , dedicando-se ao estudo e trabalho com pessoas surdas, contribuiu no entendimento e na evolução dos estudos que fundamentam o trabalho com pessoas surdas.
É importante pontuar que a língua de sinais já era utilizada pelos surdos desde a antigüidade, tendo sido considerada “a forma natural de comunicação dos sujeitos surdos”.
Certamente essa simbologia sofreu alterações desde então, porém, constato que ainda hoje, a língua de sinais não faz parte do universo de conhecimento das pessoas ouvintes (em sua grande maioria), dificultando e/ou limitando o contato social com a comunidade surda.
O paradigma da comunicação total trouxe, certamente, novo alento às pessoas surdas, pois envolve várias técnicas e práticas que podem ampliar as formas de comunicação . Porém, ainda há perguntas sem resposta: Por que os surdos devem se adaptar ao padrão ouvinte? Não será possível considerar a língua de sinais como uma forma de comunicação genuína?
Segundo Gladis Perlin, as produções da cultura surda se ampliaram hoje. Algumas produções culturais como a identidade., a diferença, a língua de sinais, a compreensão do sujeito ( surdo e ouvinte ), a poesia e a escrita da língua de sinais se adentram como questões necessárias à tradução da alteridade do sujeito surdo.
Neste sentido, os Intérpretes da Língua de Sinais ( ILS) são também intérpretes da cultura, da língua, da história, dos movimentos, das políticas, da identidade e da subjetividade surda.
No entanto, no que se refere à comunicação em que está inserido o ILS, se desenrola uma multifacetada problemática de interpretação e o conhecimento da diferença cultural influi sobre a qualidade da interpretação muito mais que a amizade ou intimidade.
Seu papel é ser intermediador da cultura surda e da cultura ouvinte. Em sua ação ambas as culturas influenciam, já que estes são os sujeitos do processo. A fidelidade da tradução ocorre na medida em que há profunda compreensão do outro, seus valores, realidades e representações culturais.
Transitar nas fronteiras culturais exige que se esteja preparado para afastar-se de posições de poder colonizador, de forma a assumir uma atitude de cumplicidade, consistindo na identificação com a cultura surda, de forma que a produção cultural surda se hibridize com o intérprete.
Pessoalmente, considero que a construção da sociedade inclusiva que tanto buscamos só é possível no momento em que nos dispusermos a romper com conceitos pré-concebidos e buscar um novo olhar sobre nosso semelhante. Isso se faz na medida em que o conhecemos. Portanto, universalizar o conhecimento sobre a história surda, sua cultura, identidade e a língua de sinais, contribuirá, certamente, para que possamos todos, surdos e ouvintes, conviver e nos comunicar integralmente. Nesta tarefa, o ILS poderá ser um aliado de ambos.

Iniciando ...

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Este blog é um espaço para a publicação de reflexões acerca das Pessoas com Deficiência Auditiva e Surdez , suas características, Tecnologias Assistivas e outras tecnologias de aprendizagem para estas pessoas.
Espero que possamos interagir e dessa forma enriquecer nossos conhecimentos.

Iágara Rosa